História do Alfabeto

Origem do Alfabeto

O alfabeto terá origem no Antigo Egito mais de mil anos depois se ter iniciado a história da escrita. O primeiro alfabeto consonantal (apenas com letras consoantes) apareceu em cerca de 2000 a. C. para representar a linguagem dos trabalhadores semitas no Antigo Egito, influenciado pelos princípios da escrita dos hieroglíficos egípcios. A maioria dos alfabetos que existem atualmente descendem deste alfabeto ou são inspirados na sua criação.

Alfabetos Consonânticos

Há mais de seis mil anos (no final do quarto milénio a. C.) foram identificados dois sistemas de escrita que estão bem documentados como tendo existido naquela altura na região do Médio Oriente que são: o cuneiforme mesopotâmico e os hieróglifos egípcios.


O sistema de escrita cuneiforme mesopotâmico era feito com a ajuda de objetos formato de cunha com os quais se gravavam os símbolos. Os hieróglifos egípcios eram um sistema de escrita que combinava elementos alfabéticos, gráficos e silábicos. Estes dois sistemas de escrita estão na base dos abjad ou alfabetos consonânticos (sem letras vogais).

Estima-se que o primeiro sistema de escrita totalmente alfabético terá sido desenvolvido por volta do ano 1850 a. C. por trabalhadores semíticos na região egípcia de Sinai. Nos cinco séculos seguintes terá sido difundido para norte e terá influenciado e inspirado muitos alfabetos atuais do ocidente.

Alfabeto Semítico

A escrita proto-sinaítica do Antigo Egito ainda não foi totalmente decifrada mas é apontada como alfabética e deve representar a linguagem canaanita. O sistema de escrita semítico não se limitava aos símbolos das consoantes egípcias existentes mas incorporava também os hieróglifos egípcios num total de cerca de trinta símbolos e que teriam nomes relacionados com lugares.

Nesta altura a escrita era utilizada esporadicamente e manteve-se assim durante cinco séculos até ser adotada para utilização administrativa pela região de Canaã (área que corresponde às regiões onde são atualmente Israel, Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Líbano e parte da Síria).

Os primeiros estados canaanitas a utilizar intensivamente o alfabeto foram as cidades fenícias que eram sobretudo cidades marítimas e faziam parte de uma rede de comércio internacional o que levou a que o alfabeto fenício se difundisse pelas regiões do Mediterrâneo e tivesse um papel fundamental na história.

Abjad Aramaico

O alfabeto fenício e o alfabeto aramaico (tal como protótipo egípcio) representavam apenas consoantes daí terem o nome abjad. O alfabeto aramaico que se desenvolveu por volta do séc. VIII a. C. veio a ser o sistema de escrita oficial do Império Persa e antecede quase todos os alfabetos modernos asiáticos (como o alfabeto hebreu, o alfabeto arábico, o alfabeto sírio e o alfabeto georgiano).

Alfabetos com Vogais

Na mesma altura em que o alfabeto aramaico se impunha com o Império Persa, os gregos adotaram o alfabeto fenício a adaptaram-no à sua linguagem, criando desta forma o primeiro alfabeto “verdadeiro” porque continha consoantes e também vogais.

Alfabeto Grego

De acordo com lendas da Grécia Antiga o alfabeto fenício foi levado da Fenícia para a Grécia por Cadmo (Rei de Tebas).

As letras do alfabeto grego eram as mesmas do alfabeto fenício e estavam ordenadas de forma semelhante, contudo a não existência de vogais tornava difícil a sua utilização porque estas eram importantes para os gregos. Para resolver este problema os gregos utilizaram algumas das letras consoantes fenícias que não faziam parte do alfabeto grego para representar o som das letras vogais.

Os gregos utilizavam como vogais as letras cuja letra inicial do nome da letra em fenício correspondia ao som pretendido e desta forma surgiram o aleph que mais tarde deu origem ao à Letra A, o epsilon que mais tarde deu origem à letra E ou o omega que veio a dar origem à Letra O, por exemplo.

O alfabeto grego teve depois algumas variantes como o alfabeto grego ocidental (ou calcídico) utilizado a oeste da cidade de Atenas e também na Itália meridional e o alfabeto grego oriental, utilizado sobretudo na Ásia Menor (atual Turquia).

A alteração mais importante foi desenvolvida já no séc. IV a. C. quando os gregos decidiram passar a escrever da esquerda para a direita (e não da direita para a esquerda como os semíticos e os fenícios).

Alfabeto Latino

O alfabeto grego tornou-se a base de todos os sistemas de escrita da Europa e deu origem ao alfabeto itálico antigo e ao alfabeto romano ou alfabeto latino.

Os latinos (que mais tarde se tornaram nos romanos) viviam na península itálica e através do contato que tinham com os etruscos (povo que vivia na região italiana da Toscana) vieram a adotar o alfabeto grego ocidental.

Depois de adotarem o alfabeto grego ocidental os latinos adaptaram o alfabeto às suas necessidades e adotaram também a Letra F etrusca (que se pronunciava como /w/ dando-lhe o som /f/) e também a Letra S etrusca (com representação gráfica diferente da atual mas já com o mesmo som). Para representar o som /g/ do alfabeto grego e o som /k/ do alfabeto etrusco os latinos utilizavam a Letra P (com uma grafia ligeiramente diferente). Estas alterações deram origem ao alfabeto latino que inicialmente tinha apenas 21 letras (A, B, C, D, E, F, Z, H, I, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, V e X).

Mais tarde, quando o Império Romano conquistou a Grécia, os romanos já utilizavam as letras C, K e Q para escrever o som /k/ e introduziram a Letra G adicionando um traço à Letra C. Reintroduziram também a Letra Z e adotaram a Letra Y para transcrever as palavras gregas que foram entretanto também assimilando. Desta forma, o alfabeto latino passou a ter 23 letras no final da Antiguidade e depois na Idade Média.

Durante a Idade Média foram introduzidas mais três letras: a Letra J (que surgiu como variação da Letra I); a Letra U (diferenciando-se da Letra O devido ao seu som vocálico); e a Letra W (que surge originalmente da ligação entre duas letras V representando sobretudo sons de origem germânica). Nesta altura começaram também a aparecer pela primeira vez as letras minúsculas que derivam da escrita cursiva romana.

Com a expansão do Império Romano o alfabeto latino difundiu-se para além da península itálica não só pelas regiões em volta do Mar Mediterrâneo cujas línguas têm origem no latim, mas também nos falantes de línguas germânicas, celtas, bálticas, urálicas e eslavas devido à expansão do cristianismo ocidental. A Era dos Descobrimentos fez com que o alfabeto latino fosse difundido por todos os continentes e principalmente pela América do Sul, África e Ásia.

O alfabeto latino é atualmente o sistema de escrita mais utilizado no mundo e é também utilizado como base do alfabeto português que se utiliza para escrever a Língua Portuguesa.